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Sexualidade e Homossexualidade

Ninguém sabe ao certo quantas pessoas são heterossexuais, gays, lésbicas, bissexuais ou transgêneros. As estatísticas esbarram sempre na metodologia (que necessariamente dependem do relato verbal das pessoas pesquisadas) e na dificuldade que muitas pessoas têm de se encaixar em uma das categorias apresentadas.

A sexualidade é um aspecto complexo da natureza humana, que envolve, além do sexo propriamente dito, elementos psicológicos, emocionais e comportamentais.

A forma de abordá-la conceitual e clinicamente tem variado ao longo do tempo e sofrido influências variadas das ciências médicas, das teorias psicológicas, da filosofia, da política e das tradições religiosas.

Desde 1973 a Associação Americana de Psiquiatria deixou de considerar a homossexualidade uma doença mental. Em 1975 foi seguida pela Associação Americana de Psicologia (APA) que adotou a resolução que estabelece: "a homossexualidade per se não implica em prejuízo na capacidade de julgamento, na estabilidade, na confiança e em nenhuma outra capacidade social ou vocacional".

No Brasil, o Conselho Federal de Medicina e o Conselho Federal de Psicologia também estabeleceram resoluções contrárias à visão patológica da homossexualidade.

Os Pilares da Sexualidade

A visão moderna da sexualidade pressupõe a existência de cinco pilares principais: o sexo biológico (macho e fêmea), a identidade sexual, os papéis sexuais, a orientação sexual, e a prática sexual.

A identidade sexual, ou identidade de gênero, refere-se à percepção que a pessoa tem de si, como sendo homem ou mulher ou alguma combinação dos dois.

O papel sexual (ou expressão de gênero) refere-se à forma como a pessoa expressa sua identidade de gênero. Essa forma é determinada socialmente, e via de regra, tende a ser muito limitada.

A orientação sexual é definida por um conjunto de atrações – emocional, romântica, sexual ou afetiva – que a pessoa sente por outra pessoa e se apresenta em um continuum. Ou seja, a pessoa não é exclusivamente homossexual ou heterossexual, mas pode sentir graus variados de atração por ambos os gêneros.

A orientação sexual desenvolve-se ao longo da vida, de forma que cada pessoa pode se reconhecer como heterossexual, homossexual ou bissexual em diferentes fases da vida.

Os heterossexuais são pessoas cujas atrações são primariamente dirigidas às pessoas do gênero oposto. Os gays (homossexuais masculinos) e as lésbicas (homossexuais femininos) têm suas atrações primariamente dirigidas às pessoas do mesmo gênero. Já os bissexuais sentem-se atraídos por ambos os gêneros.

Ninguém sabe ao certo como a identidade de gênero e a orientação sexual são determinadas. Os especialistas concordam que se trata de uma interação complexa de fatores genéticos, biológicos, psicológicos e sociais. Para a maioria das pessoas, a orientação sexual e a identidade de gênero se estabelecem nos primeiros anos da infância.

Ainda que não se tenha determinado as causas, não há duvidas de que a variação de identidade de gênero e de orientação sexual não é resultado de fatores como experiências passadas ou forma de criação.

Por sua vez, o comportamento sexual, não corresponde necessariamente à orientação sexual. Muitos adolescentes, e mesmo adultos, podem se identificar como homossexuais ou bissexuais, sem ter tido nenhuma experiência sexual. Outras pessoas podem ter tido experiências sexuais com pessoas do mesmo gênero, mas não se consideram gays, lésbicas ou bissexuais.

O fato de se ter experiências sexuais com um, ou com os dois gêneros em algum momento, não define sua orientação sexual. As pessoas bissexuais, por exemplo, se sentem atraídas por homens e por mulheres. Porém, podem não se sentir igualmente atraídas por ambos os gêneros, e o grau de atração pode variar ao longo do tempo, conforme a identidade sexual vai se desenvolvendo.

Não há um "teste" para se determinar se uma pessoa é bissexual. Algumas pessoas se consideram bissexuais até terem clareza de sua identidade sexual predominante, enquanto outros se percebem bissexuais depois de terem inicialmente se identificado como gay ou lésbica.

Os Transgêneros

Partindo para identidades sexuais mais complexas, chegamos a definição dos transgêneros. Transgênero é um termo abrangente, que inclui qualquer pessoa que expressa suas características de gênero (identidade e papel) de uma forma que não corresponde às características comumente associadas ao sexo biológico (ou presumido) desta pessoa. Transgênero não é uma orientação sexual.

Algumas pessoas nessa categoria definem-se como mulher para homem, ou homem para mulher, e podem, em alguns casos, submeterem-se a tratamento hormonal ou cirurgia para ajuste de sexo.

Outras pessoas se identificam como transgêneros por não se sentirem confortáveis se vendo exclusivamente como homem ou mulher. Neste sentido, os termos mais conhecidos são: o transexual e o cross-dresser.

Transexual é um termo médico que descreve pessoas cuja identidade de gênero e sexo biológico não combinam e que, freqüentemente, buscam tratamento médico com o objetivo de alinhar seu sexo biológico e sua identidade de gênero.

Os cross-dressers são pessoas que se identificam desde o nascimento com o seu gênero, mas às vezes se vestem como o gênero oposto.

Ao ler essas definições, a primeira pergunta que vem é: transexuais, cross-dressers, são a mesma coisa que travestis?

Travesti é um termo psiquiátrico que descreve homens e mulheres que praticam cross-dressing com objetivo de obter gratificação sexual.

Muitas pessoas, porém, não o fazem por essa razão, mas sim para expressar sua natureza de transgênero (a não conformidade com a identidade de gênero) e preferem termos como cross-dressers, drag-king ou drag-queen.

É importante ressaltar que o gênero varia, e que muitas pessoas não se encaixam em uma única definição. Muitos transgêneros e transexuais são gays, lésbicas e bissexuais.

Texto elaborado para palestra em 2004

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